Juliana Barica Righini
Conheça mais o meu trabalho com Linguagem Simples e Fácil Leitura
Muitas pessoas e empresas me perguntam como tem sido a minha história com a Linguagem Simples e a Fácil Leitura.
Por isso, eu resolvi preparar este texto para contar como comecei a trabalhar com essas a duas técnicas e também os trabalhos que já realizei.
Tudo começou em 2008 quando eu comecei a trabalhar na Associação Carpe Diem. A associação tinha como missão mostrar que jovens e adultos com deficiência intelectual podem ter o controle sobre suas próprias vidas.
No Carpe Diem, eu conheci muitas pessoas com deficiência intelectual e ótimos profissionais que me ajudaram a me desenvolver.
Entre 2008 e 2015, eu fui desafiada a melhorar o meu atendimento para que a pessoa com deficiência intelectual possa ser protagonista, tenha consciência das suas ações e tome decisões.
Durante esse período, acompanhei a produção do manual “Mude Seu Falar que Mudo Meu Ouvir”. Ele foi feito por Carolina Yuki Fujihira e um grupo de pessoas com Síndrome de Down formado por: Ana Beatriz Pierre Paiva, Beatriz Ananias Giordano, Carolina de Vecchio Maia, Claudio Aleone Arruda e Thiago Rodrigues.
Em 2012, eu acompanhei alguns autores e outros profissionais da Associação Carpe Diem no lançamento do “Manual Mude seu Falar que Mudo Meu Ouvir” na versão em inglês.
Nós nos organizamos e viajamos para o evento que aconteceu na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York (ONU).
O evento foi organizado pela Down Syndrome International para comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Aos poucos, comecei a ter mais consciência de que a minha comunicação precisava considerar a outra pessoa e principalmente as pessoas com deficiência intelectual.
Então eu comecei a estudar e a ter experiências práticas sobre a acessibilidade e comecei a estudar as técnicas Fácil Leitura e Linguagem Simples.
Sobre Linguagem Simples e outras referências
A técnica de Linguagem Simples surgiu na década de 1940 nos Estados Unidos e no Reino Unido para tornar informações mais acessíveis para todas as pessoas.
Segundo a Plain Language Association International (PLAIN), a técnica é utilizada em mais de 40 países, incluindo o Brasil.
Quando eu conheci a Linguagem Simples, comecei a estudar com cursos na internet, livros e artigos.
A técnica Linguagem Simples oferece acesso para que todas as pessoas possam ler, entender e tomar decisões ou atitudes com menos apoio.
Segundo Heloísa Fischer, especialista na técnica, a Linguagem Simples e fundadora da Comunica Simples, pode ser definida como "a forma de comunicação que facilita o entendimento da mensagem pelos diversos públicos, inclusive aqueles com dificuldades leitoras e/ou cognitivas".
E quais são os benefícios da Linguagem Simples? Posso compartilhar alguns por aqui:
É possível reduzir o retrabalho;
Reduzir a falta de informação;
Reduzir o gasto de tempo procurando uma informação importante.
Outro ponto importante é que as pessoas conseguem ter mais compreensão e tomar mais decisões com destaque, por exemplo, para pessoas com deficiência intelectual.
Antes de conhecer a Linguagem Simples comecei a estudar a Fácil Leitura, que é uma técnica considerada uma tecnologia assistiva.
Ela oferece acesso à informação para pessoas com deficiência intelectual, pessoas idosas e pessoas com dificuldade de aprendizagem, dislexia, TDAH, entre outras.
Ela também é conhecida como Easy Reading ou Easy-to-Read.
A Fácil Leitura utiliza diversos recursos, como frases curtas e simples, palavras de uso comum, uso de imagens e ilustrações, uso de fontes de fácil leitura e espaçamento entre as linhas.
Tudo isso com o objetivo de tornar o texto mais fácil de ser compreendido por diferentes pessoas.
Outra referência que uso para o meu trabalho é o “Manual Mude Seu Falar que Mudo Meu Ouvir”.
Essas três referências: “Linguagem Simples”, “Fácil Leitura” e o “Manual Mude Seu Falar que Mudo Meu Ouvir” fazem parte de todo o meu trabalho, além do próprio contato com muitas pessoas diversas com deficiência intelectual.
Abaixo, compartilho alguns trabalhos que já realizei com foco nessas três referências.
Materiais
2014 | O Ministério do Trabalho e os Direitos dos Trabalhadores | Conteúdo em Fácil Leitura
Livreto com direitos dos trabalhadores em formato Fácil Leitura.
Ele foi feito quando eu fazia parte da equipe da Associação Carpe Diem.
http://www.pcdlegal.com.br/cartilhampt/index.php
2019 | Ficha de cadastro acessível para pessoas com deficiência | Projeto Acessa, Rondônia
O projeto “Acessa, Rondônia! - Acessibilidade e Inclusão para o Trabalho” cadastrou pessoas com deficiência e reabilitadas pelo INSS, moradoras de Porto Velho e Candeias do Jamari, Rondônia, em dezembro de 2019.
Essa ação foi do Ministério Público do Trabalho da 14ª Região.
A realização foi do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas e uma equipe de pessoas consultoras especializadas em Recrutamento e Seleção de Pessoas com Deficiência.
A coordenação geral foi de Marta Gil, Coordenadora do Amankay. Luiza De Paula foi responsável pelas atividades de campo.
No projeto, eu e um grupo de pessoas com deficiência intelectual criamos e validamos a ficha de cadastro acessível.
https://www.youtube.com/watch?v=8Vmy4QSV9R4
2019 | Participação no Projeto Eu me Protejo
Em 2019, colaborei com um projeto de pesquisa da especialista Patrícia Almeida sobre Deficiência na City University of New York – CUNY.
Ela chamou um grupo de profissionais para ajudar no desenvolvimento de um rico material sobre prevenção à violência e cuidado do corpo para pessoas com deficiência intelectual.
Participei da primeira cartilha “Eu me protejo”, contribuindo com o conteúdo e com técnicas em Fácil Leitura.
2020 | Trabalho na Pandemia: Guia para Funcionário - 2020
Durante a pandemia da COVID-19, eu e um grupo de pessoas consultoras de Emprego Apoiado criamos a versão com Linguagem Simples do livreto “Trabalho na Pandemia: Guia para Funcionário”. Nós pesquisamos os novos tipos de contratos de trabalho e criamos um material que pudesse oferecer acesso à informação para pessoas com deficiência intelectual que estavam no mercado de trabalho.
O material foi feito com 2 pessoas consultoras de Emprego Apoiado autônomas e representantes de organizações como Associação Nacional de Emprego Apoiado (ANEA), Centro Síndrome de Down (CESD) e Universidade Livre para Eficiência Humana (UNILEHU), com a validação de advogados e 17 pessoas com deficiência intelectual
https://www.cesdcampinas.org.br/uploads/files/2021/07/e-book-emprego-apoiado.pdf
17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS 2023)
Em todas as conferências, o Conselho Nacional de Saúde escreve um documento para orientar os debates.
Eu realizei a edição e a revisão do conteúdo a partir da técnica da Linguagem Simples com apoio e revisão da Elza Maria Albuquerque, especialista em produção de conteúdo diverso, inclusivo e acessível e também idealizadora da Maria Inclusiva.
Contamos com a validação da Isabela Fernandes Correia no item “Palavra Explicadas”.
Conheça o documento original e o documento trabalhado com orientações da técnica da Linguagem Simples.
2023 | Site do Sistema Estadual de Museus do Estado de São Paulo (SISEM-SP)
Site lançado em fevereiro de 2023 com o objetivo de conseguir o selo de Acessibilidade. Nós trabalhamos e revisamos os textos do site usando as técnicas Linguagem Simples e Fácil Leitura em boas práticas de acessibilidade e comunicação.
Eu coordenei uma equipe com os validadores Isabela Fernandes Correia e Fernando Moreira, e Elza Maria Albuquerque, da Maria Inclusiva, jornalista especializada em conteúdos diversos, inclusivos e acessíveis.
2023 | Cadernos: Conhecendo a Autodefensoria e a Federação Down
Em 2016, um grupo de mediadores e pessoas com deficiência formou um grupo de autodefensores. A autodefensoria é um movimento mundial em que as pessoas com deficiência defendem os seus direitos.
Em 2019, o grupo passou a fazer parte da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down.
Os autodefensores sugeriram contar com representantes em todos os estados e regiões do Brasil.
O grupo criou cadernos com orientações para organizar a construção e a organização do movimento de autodefensores da Federação.
Esses materiais foram feitos com referências da Linguagem Simples e Fácil Leitura e contou com a coordenação de Ana Cláudia Mendes de Figueiredo e validação de Fernanda S. Machado, Jéssica Mendes de Figueiredo e João Vítor Mancini.
Eu participei da criação dos textos dos cadernos que contam a história e o funcionamento do grupo.
As diretrizes foram construídas entre mediadores e autodefensores do Grupo Nacional da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down.
http://federacaodown.org.br/cadernos-conhecendo-a-autodefensoria-e-a-federacao-down/
Formações e curso:
Abril 2022 | Workshop “O que é Linguagem Simples? Conheça e saiba as boas práticas”
Em 2022, fui a profissional que criou e compartilhou o workshop “O que é Linguagem Simples? Conheça e saiba as boas práticas”.
Ele foi uma das atividades da iniciativa Conhecer Acessível, da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam).
O público contou com juízes e profissionais de tribunais de vários lugares do Brasil ligados à Enfam.
Durante o encontro, falamos sobre Linguagem Simples e Fácil Leitura, com exercício prático e demonstração de validação. No momento da validação, tivemos a participação da Isabela Fernandes Correia, modelo e autodefensora do direito da pessoa com deficiência intelectual.
Nós apresentamos as técnicas de validação com a utilização de um texto publicado no site da Enfam.
A validação contribui para que o texto esteja mais acessível para o público.
A formação foi um dos cursos oferecidos pela Maria Inclusiva para a Enfam.
A coordenação foi feita por Elza Maria Albuquerque, idealizadora da Maria Inclusiva.
https://www.enfam.jus.br/conhecer-acessivel-apresenta-workshop-a-importancia-da-linguagem-simples/
Novembro 2022 | Texto para coletânea inclusiva “Síndrome de Down:
educação, família e representatividade” | Firjan
A Firjan, com a assessoria do Alex Duarte, do Cromossomo 21, organizou uma Jornada Inclusão em Movimento.
Foi um evento presencial no Rio de Janeiro.
Além da jornada, alguns profissionais foram convidados para escrever artigos para a Coletânea Inclusiva “Síndrome de Down: educação, família e representatividade”.
Eu escrevi sobre Linguagem Simples e Fácil Leitura com o texto: “Acessibilidade na comunicação da pessoa com Síndrome de Down”.
A ideia da coletânea é contribuir para a inclusão das pessoas com Síndrome de Down, quebrando barreiras, principalmente as atitudinais.
Algumas palestras que já realizei:
2021 | Palestra | Linguagem Simples: mude o seu falar que eu mudo meu ouvir
Em agosto de 2021, participei presencialmente do evento on-line Genética não é Destino versão 2.0, organizado pela equipe do Cromossomo 21, coordenado por Alex Duarte.
A minha palestra foi “Linguagem Simples: mude o seu falar que eu mudo meu ouvir”.
Eu apresentei as metodologias Linguagem Simples e Fácil Leitura.
Eu contei a experiência do manual “Mude seu falar que eu mudo meu ouvir”, um livro escrito por pessoas com Síndrome de Down.
Todos esses recursos estão disponíveis na comunidade para que possamos construir uma comunicação mais acessível, com igualdade de participação.
Assista ao vídeo da minha palestra!
2021 | Live ELO Mediação Assistiva
No perfil do Elo Mediação Assistiva, eu, Regiane Silva e Patricia Almeida conversamos sobre mediação e Linguagem Simples.
Acesse a live completa no Instagram.
2022 | 7º Fórum Latino Americano de Qualidade e Segurança na Saúde - Muito Além do ESG
No dia 14 de setembro de 2022, participei do 7º Fórum Latino Americano de Qualidade e Segurança na Saúde - Muito Além do ESG, ação do Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement.
Eu fui convidada para participar da trilha “Qualidade e Segurança Assistência à Saúde das Pessoas com Deficiência”.
Falei especificamente sobre o tema acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual.
Este evento resultou em um e-book com pontos principais do que foi dito.